quinta-feira, 13 de março de 2014

13/03/2014 - Minha Pequena Ode ao Cinema

Não sou pessimista com o cinema, sou entusiasta de todas as artes, mesmo sabendo que precisamos aprimorar nossos gostos, sei também que dentro de um gênero existem formas e formas de analisar, pode ser que uma comédia vazia seja a maior estupidez do mundo, não agregue nada, porém, dentro do gênero “comédia vazia” temos que saber o que é bom ou ruim com as regras daquela área, ainda existem os atores, mesmo um ator ruim, e pegarei como exemplo o mais bombardeado pelos cults, Adam Sandler, sei que Adam Sandler só se analisa tendo como base os filmes de Adam Sandler, e aí podemos falar se o filme é bom ou não. Tenho orgulho de estar inteirado sobre o lixo e o luxo, e me deleitar com o lixo e o luxo no cinema. Gosto de pensar no cinema com o mesmo carinho que penso na literatura, mesmo sabendo que a literatura é minha esposa e o cinema um de meus amantes, minha esposa não é ciumenta e dialoga bem com outras artes.


Gosto de lidar com a arte com a alegria da descoberta, ainda espero pelos lançamentos, mantenho-me informado sobre diretores, atores, produtores, estúdios e tudo que está acontecendo, posso muito bem ver um filme premiado (que ninguém conhece) e chorar emocionado, como posso ver um filme de super-herói e vibrar junto com seus fãs. Estou na fila do ingresso com aqueles fanáticos doidos, ainda não tive coragem de ir caracterizado, mas um dia irei, quero vivenciar a sétima arte com tudo que está relacionado a ela, isso significa também muita coisa do mundo capitalista, mas são os anexos que esta arte ganhou, suas sequências, seus spoilers planejados, suas propagandas; a espera pela escolha de atores, e finalmente, em um lugar confortável, aproveitando também de toda nova tecnologia, 3D, IMAX, 2D, inovações, disposições, ver como é diferente vivenciar uma tela grande e se deixar emocionar com isso. Lembro que quando era desempregado, o pouco dinheiro que caía em minhas mãos eram para duas coisas: Livros e Filmes. A música ficava por conta de meu pai que sempre foi eclético e trazia muita musica de tudo para casa. Fui criado em um ambiente musical, com tio roqueiro, pais que curtiam Raul Seixas e escutávamos música não como trilha sonora imperceptível, mas com atenção, cantando, discutindo as letras e sentindo tudo que vinha dela... Voltemos ao cinema...

Passei pelas locadoras, era batata, fim de semana e feriado era ida à locadora e escolhia 3 filmes com direito a um de brinde, fazia minhas maratonas, acompanhava lançamentos, eu era o cara da fila reservada, o cara que lia nos jornais comprados por meu pai (antes da internet) sobre os filmes que eram feitos, que saíam e iam para as locadoras, gastava metade de minha mesada de criança no cinema, comprando até guias catálogos de locadoras para ter a ficha de cada ator e estudar sobre os filmes, fazia festa com as sessões na TV aberta de lançamentos, em épocas que era caro demais ter uma TV paga; não só isso, quando criança, passava horas escrevendo histórias tendo como base livros que lia, mas bem antes disso, tendo como base os filmes que assistia, acho até que meu amor pelos filmes veio antes da literatura, mas amo mais a literatura, embora cinema seja bom para casos amorosos ilícitos; quando criança desenhava pôsteres de filmes, colocava meus parentes e eu no lugar dos personagens, criava premiações imaginárias para simular um Oscar entre os filmes que achava que mereciam. Sou tão apaixonado que sempre me espanto quando descubro que saiu um filme ou vai sair, procuro alguém para dar a notícia, a pessoa lida com isso como se fosse questão irrelevante, penso “Caramba, finalmente vão transformar o Super Batata em um filme e a pessoa acha que isso não é nada demais?!? Como nada demais? Seus hereges”.

Isso é uma declaração de amor ao cinema, vivemos em um mundo onde existe algo chamado “filme” e podemos ser felizes com eles, imagine nossos sonhos não realizáveis, agora eles podem acontecer... e, embora eu ame o clássico de paixão, não ignoro o novo, olho com entusiasmo para as novas tecnologias, tudo bem que existem filmes fúteis que prezam mais pela tecnologia do que história, mas oras, filme ruim sempre existiu, podem falar que hoje a quantidade de filmes ruins aumentou, mas ora, a quantidade de filmes feitos também, todo fim de semana saem muitos filmes, logo, pelas contas, a quantidade de filme ruim é proporcional, nada mudou, o que existe talvez seja dificuldade de acompanhar tudo, de fazer a triagem, mas nada indica que não saem belíssimos filmes todos os anos e meses... então alguns saudosistas simplesmente falam que nada presta por falta de tempo de fazer a triagem.

Quando era criança tudo vinha mais demorado, filmes na TV não era novidade para quem foi ao cinema, o VHS era novidade para mim, assim que virei adolescente o cinema se tornou constante, mesmo assim reduzido, mas eu estava lá, sentindo todo sabor de como é ver algo pela primeira vez na estreia... Hoje ainda fico abismado, o filme nem ao menos saiu no cinema e já podemos encontrá-los na Internet (não sou contra isso, ainda vou demasiadamente ao cinema), e melhor ainda, se os cinemas forem filhos da puta para não quererem passar o filme, podemos encontrá-los na Internet, simples, não há nada que não podemos assistir ou conhecer.

O cinema é milagre, é maravilha, fico deslumbrado pela tela grande, pelo som, pelo 3D ou qualquer tecnologia que apareça. Se antes era dependente de um atraso para conferir o filme, hoje, por conta de revistas especializadas e pelos sites competentes, posso saber o que meu ator preferido está fazendo, acompanho meus diretores, isso é para um admirador da sétima arte o próprio céu. Sou daqueles que vibra quando descobre uma notícia sobre a gravação de um filme, quero estar ali no cinema, quero ver a história acontecendo. O cinema traduz a vida, a vida traduz o cinema e vira círculo vicioso. Tenho na vida momentos importantes e marcantes relacionados ao cinema, que estão ligados fortemente à memória, como no último dia de faculdade que dei uma banana para todos, nunca olhei para trás, e invés de estar na confraternização, fugi para o cinema onde assisti American Pie – O Casamento, ou quando me desliguei de um emprego e fugi pra assistir no cinema “Missão Impossível 4”, tantas outras histórias de salas de cinema e pessoas que me acompanharam... Meu único pesar é que nem todos ao redor são fascinados pelo cinema, de verdade, raramente um ou outro me acompanham, vou sozinho, entro em sintonia com outros cinéfilos sozinhos e deixo que a experiência faça parte de mim, é maravilhoso. A pessoa pode vir dizer que fulano de tal casou ou teve um filho, não sentirei nada, mas se falar que estão fazendo um filme sobre um tema interessante, então fico realmente entusiasmado.

O interesse e entusiasmo só podem me fazer sentir a vida mais pulsante, acho que enquanto existir interesse existirá vida.

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