sexta-feira, 14 de março de 2014

14/03/2014 - Você Não Precisa Torcer Pelo Brasil na Copa

E se as pessoas descobrissem que podem torcer por qualquer time, ou nem torcer por time algum na copa? Vamos pensar em exemplos que indicam nosso desprendimento dessa baboseira de patriotismo, temos nosso tão amado e odiado cinema nacional, mesmo existindo competições estrangeiras, muita gente não torce por filme nacional só porque é nacional, as pessoas torcem pelos filmes que gostam, mas tudo bem, ainda existem pessoas que quando a categoria filme estrangeiro surge, fazem figa e torcem para nosso cinema, mesmo que não tenham assistido o filme (o que acho estranho), mas pensemos então em premiações musicais, é mais comum que as pessoas torçam para seus músicos preferidos, para a música que gostam, e não liguem muito para esse negócio de “Está representando meu país”, porque precisa ser assim com o futebol sendo que podemos considerá-lo arte como as outras? Simplesmente é estranho querer que algo que “representa” um país ganhe, não pode ser assim, quem deve ganhar é o melhor, independente de onde vem.


Em primeiro lugar: Não é você quem está ganhando, são os jogadores, no máximo você é um torcedor. Em segundo lugar: Competições sempre serão um meio de identificar quem é o melhor para que os outros se tornem excluídos. Tudo bem, o esporte é brincadeira bacana, concordo, não necessita de competição, os caras estão jogando, fazendo o que gostam, e isso já conta como exercício e diversão, mas onde está a diversão de quem apenas assiste? Desde criança sempre achei um saco visitar primos com videogames e esperá-los passar de fase para que eu jogasse um pouco, assistir o jogo do outro era chato e sempre procurávamos jogos que possibilitassem dois ao mesmo tempo. O futebol é o grande videogame onde todos jogam no campo, mas nós apenas assistimos. Qual a graça disso? Acho que todos que gostam de futebol deveriam pensar em jogar, assim faria algum sentido.

Falo apenas sobre a liberdade de poder escolher o time que quiser, se podemos torcer por nosso cantor, por nosso filme, porque não torcermos para um time, independente de que país ele vem? Pensei nisso quando vi uma notícia sobre o Japão trazer os Pokémons para serem mascotes da seleção, logo percebi que aquilo me agradava, e se eu quisesse torcer pelo Japão? Vão me chamar de antipatriota, mas o desvalor do patriotismo está em achar que as pessoas que estão dentro da mesma demarcação de terra são melhores que as pessoas do lado de fora da demarcação.

Acredito muito no escritor H.G.Wells quando defende em sua obra “Uma Breve História do Mundo” que o mundo não deveria possuir fronteiras, como era em seus primeiros anos antes das descobertas, as fronteiras não existiam, cada um vinha e ia para onde quiser; como funcionariam copas do mundo naquela época? Não existiam copas, mas se existissem, acho que seria como os filmes, times de todos os tipos, com suas características, cada um torceria por aquele que mais simpatiza, não existiria esse negócio de “Meu Time imposto”, penso até nos times característicos de cada cidade, sem as fronteiras torcer por Palmeiras ou Flamengo teria o mesmo peso, você não teria que ter um time de São Paulo para torcer, simplesmente torceria por um time que gostasse; poderíamos entrar nos méritos de não torcer por nenhum, ora, porque essa obrigação? Muitos podem falar que há certa irmandade entre os Brasileiros, que é um só coração, e todas essas coisas bacanas, mas mesmo assim, se não existissem as obrigações de pátrias, em um mundo de 7 bilhões de pessoas, você certamente seria este um só coração do time que resolvesse escolher, do mesmo jeito que no dia do Oscar milhões de pessoas, independente do país, torceram pelo Mexicano Alfonso Cuarón e seu Gravidade, é a qualidade ou nosso gosto, é a simpatia que temos, e não a obrigação, porque ser torcedor é emoção quando se dirige os olhos para algo que você ame por ter escolhido amar, e não por ter dado a sorte ou azar de ter nascido neste ou naquele país.

Patriotismo nunca cheira bem, podemos defender um grupo de pessoas que estão ao nosso lado e provavelmente fazem parte de nosso bando e nos proporcionam segurança, mas nunca todos dentro de determinada área significarão nosso bando, a afinidade vem do afeto e do convívio, não do espaço físico, do mesmo jeito que em um ambiente de trabalho ou escola simpatizamos com estas e aquelas pessoas, não somos amigos de todos; se em algo tão importante e direto, como o espaço físico de uma empresa ou escola, que realmente afetam nossa vida, não precisamos ser “um só coração” com todos ao redor, porque seríamos com os estranhos invisíveis da mesma pátria?

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