“Neste mundo, existem três espécies de amigos:
aqueles que nos amam, aqueles que não se preocupam conosco, e os que nos odeiam”
– Nicolas Chamfort
Compreendo pessoas que fazem promessas para um novo ano, mas geralmente são sempre promessas de conquistas, ou então, emagrecer, conseguir emprego, estas coisas, e nem estamos falando das pessoas que levam como meta conhecerem pessoas e ganharem pessoas, como se pessoas fossem brindes ou bens de consumo, mas faço torcida por aqueles que criam uma lista de novos comportamentos e então seguem este novo Eu que desejam ser. Terminar um ano e começar outro não significa nada, mas pode ser que em nosso inconsciente aconteça qualquer sentimento de término, começo ou reinício. É tudo uma bagunça, o tempo não existe, mas sentimos a presença do tempo. O velho dilema da criatura finita em um mundo de infinitos. Muitas vezes é necessário dar um reboot na própria vida, não um remake, remakes tentam ser uma cópia moderna do que já foi, falo de um reboot quase quadrinhístico, daqueles que uma nova origem e um novo Eu para o mesmo ser existente surge e então o futuro se altera. É como viajar no tempo, você volta em determinado momento e age de maneira diferente, outra linha temporal acontece e você caminha por ela, isso significa agarrar as rédeas da vida e controlar a carruagem, tentar não ser controlado por algo que parecia inevitável. Reboots são parecidos com zerar a vida, alguns dizem que zerar a vida é atingir sua meta e estar livre para pensar em outras coisas, dá certo vazio, aquele vazio de quando zeramos um vídeo game na infância, o chefão é destruído e você finalmente pode recomeçar o jogo dentro de um universo que já conhece, mas agindo diferente, ainda existirão perigos, talvez os mesmos, porque afinal, a vida teoricamente é a mesma, mas você será diferente, e sendo diferente atrairá acontecimentos diferentes, pessoas diferentes e talvez outra postura. A essência permanece, nossa maldição, não podemos ser outros, mas o outro que seremos trará aquela nova linha temporal. Você zera a vida, ou desiste do jogo e coloca um “cartucho” novo para jogar, o cara por trás do controle é o mesmo, mas seus caminhos serão diferentes, e novos jogos sempre trazem novas perspectivas. Com isso percebi que tinha que zerar a vida, mas zerar a vida literalmente, sem ares teóricos, pede mudanças, e aí, não no dia primeiro de janeiro, mas depois que a maldição das falsas promessas de viradas de ano passaram, pego um dia qualquer e resolvo criar meus mandamentos para serem seguidos, quero ser outro que seja mais Eu, quero ser algo diferente que esteja mais próximo do que sou, e isso implica certos desligamentos e mudanças de posturas, claro que 99% das pessoas não seguem suas promessas, mas escrever cria obrigação, anotar e registrar a promessa, inclusive nossos avanços comportamentais, traz certo hábito, e o hábito é um dos condutores para nos criarem, quando menos esperamos já somos o que queríamos ser.
Tudo soa filosoficamente, talvez poético
e confuso, mas é assim que sou, e entrego-me a uma lista de 12 Mandamentos para
seguir nesta tentativa de zerar a vida e talvez criar uma linha temporal com um
futuro diferente. Esta lista surgiu pela necessidade de evitar certos
constrangimentos e ações que me levavam sempre a destino Kafkiano.
01 – Não fazer novos amigos, mas
valorizar os poucos existentes para que estes sejam de qualidade. Para todo
resto estarei fechado.
Mandamento importante porque neste jogo
de se entregar ao próximo, ficamos sem aquilo que demos, nós mesmos. Tudo isso
acaba se tornando grande dor de cabeça, no fundo sempre percebemos que há
sempre um peso maior de algum lado, quase nunca a intensidade é recíproca.
02 – Menos Internet.
03 – Não esperar ou cobrar amizade dos
amigos.
Lição triste, novamente o problema da
intensidade não recíproca vira febre e o descontentamento começa por destruir laços
muito bons.
04 – Ser mais sério, não brincar e nem
fazer piadas, ser reservado, não abrir meus sentimentos e nem desabafar. Acostumar-me
com o silêncio.
Pode parecer uma decisão triste, mas
para ficar mais leve a explicação, lembro de um episódio de Seinfeld onde eles
começam a se abrir uns com os outros e acabam se tornando emotivos demais; emoção
demais traz depressão demais. Não quero ser uma pedra e meu forte sempre foi a
tiração de sarro, mas pra que rir se percebemos que não riem conosco, mas da
gente?
05 – Não me interessar por ninguém.
06 – Ler, escutar músicas, apreciar
arte, e assistir filmes de qualidade para contrapor com gostos mais divertidos,
não ser apenas diversão. Aumentar a quantidade para poder melhorar meu Eu
cultural.
07 – Variar meus passeios e prestar mais
atenção na natureza e nos lugares que for, não estar ali só para tirar fotos,
mas para compreender o mundo, aproveitar o lugar, aprender e me inspirar.
08 – Estou só, então é necessário me
distrair desse sentimento e transformá-lo em textos para não surtar. Ninguém,
absolutamente ninguém sabe o que é melhor para mim. Isso implica não pedir mais
conselhos, tudo que preciso já devo saber, basta procurar nas profundezas.
09 – Não me importar mais com as coisas
e com as pessoas.
10 – Não desistir de meu sonho literário.
Passá-lo na frente de tudo.
11 – Juntar dinheiro.
12 – Assumir quem e como sou,
inteligente, escritor e tudo que diz respeito a minha personalidade. Ser autêntico
e não mentir para os outros e para mim. Mesmo que a verdade seja dura, não
guardar, afinal, pouco importa se somos rudes ou não, uma vez que pouco importa
para os outros serem rudes conosco.
Fabricio Martines Alves
Fado Português
Somos
constantemente sabotados
por
este sentimentalismo quente,
até
que o peito vira indigente
por
tanto amar e querer ser notado.
É
vontade de estar tão lado-a-lado
que
nada mais importa, infelizmente,
anula-se o Eu. E a serpente
ressurge
pra fazer do amor, pecado.
Amar
é encarar o mau-olhado;
sentir
é sempre um fado português;
não
tem dignidade ou honradez.
Amar
é mar revolto e revoltado
na
pálida e antiga languidez,
um
perigoso jogo de xadrez.
Olha, gostei muito do texto inicial, achei bastante maduro. Mas precisamos conversar sobre estes mandamentos. Gostei muito do 7, temos 2 em comum juntar grana e usar menos a net. Mas sobre os outros vai uma frase para reflexão: "Só é seu aquilo que você dá! " Bjs
ResponderExcluirP.S. Acho linda essa sua paixão pela Cultura.
Não concordo com tua frase de reflexão e ela não faz nenhum sentido...rs... mas é tudo questão de opinião, e minhas regras servem para eu não me foder mais.
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