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História é um conjunto de mentiras sobre as quais se chegou a um acordo. – Napoleão Bonaparte
Não sei se vejo errado, geralmente as
melhores pessoas são as piores. Não estou falando dos humanistas que apesar de
serem chatos, tem lá suas exceções, falo dos extremamente puritanos, daqueles
que se preocupam com as leis divinas como se fossem cartilhas morais, já que
não conseguem se moralizar sem regras, pelo menos neste quesito os céticos,
descrentes e ateus largam na frente, precisam ser bons por conta própria, sem
ameaças de infernos ou promessas de recompensas paradisíacas.
Tudo bem... Quero olhar pelos miseráveis;
pelas prostitutas, e não aquelas que estão ali por serem escravas, mas as
corajosas que gostam da profissão e são putas mesmo por vocação, já sabemos que
é uma das profissões mais antigas do mundo, e olha que não falei sobre as que
dão sem cobrar, aquelas pelo menos ganham algo, se bem que as que fazem por
prazer também trazem certo charme, são independentes sexualmente, são animadas,
abertas nos dois sentidos, são bacanas. No meio de tudo resta a mulher direita
que não faz por prazer e nem cobra por isso, geralmente são as puritanas de
fachada, minhas colegas, vocês não nasceram do espírito santo, isso é lá com a
Maria e com o chifrudo do José (muso máximo das modas sertanejas/dor de corno),
essas mulheres acham que não existe putaria, que nasceram de um repolho, sei
lá, todo mundo é fruto de um esporro, todo mundo, seja num vidro ou dentro do recipiente
vivo.
Quero falar pelos bêbados, que embora
chatos, pelo menos são verdadeiros em suas dores ou alegrias, eles estão ali se
destruindo, melhor que destruir o mundo, se bem que o mundo não vale muita
coisa... Alguns bêbados podem ser irresponsáveis e destruir a família com este
vício maldito, só digo uma coisa, tente não depender de um bêbado, vá trabalhar
e se a coisa apertar porque o parceiro ou parceira virou um alcoólatra, e você foi
irresponsável para ter filhos com este elemento, sofra as consequências, antes
ficasse sozinho (a) para aprender.
Quero humanizar os criminosos, muita
gente torce o nariz, “Que absurdo, um criminoso não merece atenção”, mas quase
sempre a crítica é de quem já foi afetado por algum crime, é triste? Sim, é lamentável,
mas assim é o mundo e ele sempre foi violento, só não ajuda transformar tudo em
um círculo vicioso, e se quiser, faça justiça com as próprias mãos, não
acredito em leis, mesmo assim quero que paguem, que sejam trancados e ganhem
condições para virar algo que preste, nada desse depósito de desgraçados que
saem mais desgraçados ainda, tem muita gente inteligente lá (inteligência não
ajuda em nada e não faz de ninguém uma boa pessoa, outro mito que temos que
quebrar), quero apenas humaniza-los, eles são humanos, e pior, não é o monstro
que nos assusta, mas a possibilidade de todos termos monstros dentro de nós, e
se estivéssemos naquela situação, e se algo tivesse acontecido e num súbito de
maldade perdêssemos a cabeça e matássemos, roubássemos, qualquer patifaria
criminosa? Aí você ia querer direitos, ia querer respeito, pois é, não importa
se o crime foi cometido conosco, crime é crime em qualquer lugar, o criminoso
pode ser qualquer um, então vamos respeitá-los, humaniza-los.
Oh mundo cruel, temos que tolerar tanta
desgraça? Não... Quem estiver incomodado que se mate, “os incomodados que se
mudem”, sério, o mundo tem 7 bilhões de pessoas e ninguém faz diferença, ou
melhor, pode até fazer diferença, mas apenas se fugir da mediocridade, a grande
maioria está ferrada mesmo, nunca será nada mesmo representando algo nesse
instante, tente transcender como puder, é uma corrida para sermos algo neste
mundo que nos puxa para a irrelevância. Se você for alguém, se matar também é
opção, no mundo de hoje é publicidade e teu legado talvez fique; se você for
ninguém, então se mate, mesmo que ficasse vivo, quando morresse naturalmente
muitos se esqueceriam, superariam, e depois de mais um tempo, estes morreriam e
aí ninguém se importaria mesmo. O suicídio ou a morte são libertadores em
qualquer situação, não tem erro.
Mas há o desafio da vida, para encarar o
desafio da vida é necessário ser um pouco puto, prestar um pouco menos,
desencanar um pouco mais, aceitar que o mundo é este caos miserável, cheio de
crimes, mas com deliciosas “desvirtudes”, podemos nos prostituir, afinal, se
todo mundo se prostitui com suas carteiras de trabalho ou empregos públicos,
porque não com o corpo que pelo menos dá prazer? Todo mundo é prostituto, seja
literal ou conceitual, ninguém é santo ou sai ileso. E quem puxa saco? É
prostituto e ainda acha que não vale ser admirado, leva sua vida admirando
alguém que talvez nem tenha motivos para isso, na verdade acho que pouquíssimas
pessoas vivas valem nossa admiração.
Gosto de admirar os mortos, isso é uma crítica
moderna, falam que só damos valor quando alguém morre e que devemos valorizar os
vivos, olha, pode até ser verdade, mas há um problema, pessoas vivas fazem
merda, fazem muita merda e até a pessoa santinha está merdando ao ser santinha,
é igual um bando de fanático que sai idolatrando qualquer repórter que critique
o carnaval e depois apedreja o mesmo quando este regurgita estupidez pró-religiosidade
retrógrada, os seres vivos vão nos decepcionar, é mais seguro esperar que ele morra,
analisarmos a vida dele, toda obra completa, se foi capaz de deixar alguma, e
aí sim, admirar se for possível, pelo menos ele não está vivo para adicionar
merda ao currículo e deixá-lo com cara de idiota por ser fã de um lixo.
Essa é parte da verdade, ou a verdade
não existe ou está fragmentada e é tendenciosa, pra não falar das mentiras que
ao longo do tempo se tornam verdades e são até engraçadas.
Sou pelos desregulados, descontrolados,
insanos, loucos e criminosos, todo tipo de semideus me enoja, gente muito
certinha, que segue a cartilha correta do bom mocismo, estes são os primeiros a
julgarem e são os que mais sofrem de hipocrisia ou querem ditar como uns e
outros precisam se comportar, isso quando não ficam quietos e são ridículos
ostentando uma humildade engraçada que nunca convence. Falam que o bom
samaritano não pode gabar-se de seus feitos, mas quer saber, isso é papinho de
monopólio da bondade, ora, se um bandido quiser me ajudar, se ele quiser salvar
minha vida, mesmo que por interesses cruéis, se uma prostituta quiser conversar
comigo e com isso eu aprender algo, estarei aberto, porque estes, interesseiros
ou não, estão fazendo algo de bom que merece ser reconhecido, e neste barco, o
bom samaritano vale o mesmo que o criminoso, ou seja, nada, absolutamente nada.
O que vale na hora que o bem é feito é o bem, não quem fez e nem o motivo... Como
eu não valho nada e você não vale nada, porque temos que valer algo se não
somos produtos? Quanto é teu salário? Este é teu valor?
A vida é curta e irrelevante, só isso. Vamos
rolar um pouco na lama, dizem que faz bem para a pele.
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