quinta-feira, 30 de janeiro de 2014

30/01/2014 - Contra a Supervalorização da Valorização do Valor

A História é um conjunto de mentiras sobre as quais se chegou a um acordo. – Napoleão Bonaparte

Não sei se vejo errado, geralmente as melhores pessoas são as piores. Não estou falando dos humanistas que apesar de serem chatos, tem lá suas exceções, falo dos extremamente puritanos, daqueles que se preocupam com as leis divinas como se fossem cartilhas morais, já que não conseguem se moralizar sem regras, pelo menos neste quesito os céticos, descrentes e ateus largam na frente, precisam ser bons por conta própria, sem ameaças de infernos ou promessas de recompensas paradisíacas.
Tudo bem... Quero olhar pelos miseráveis; pelas prostitutas, e não aquelas que estão ali por serem escravas, mas as corajosas que gostam da profissão e são putas mesmo por vocação, já sabemos que é uma das profissões mais antigas do mundo, e olha que não falei sobre as que dão sem cobrar, aquelas pelo menos ganham algo, se bem que as que fazem por prazer também trazem certo charme, são independentes sexualmente, são animadas, abertas nos dois sentidos, são bacanas. No meio de tudo resta a mulher direita que não faz por prazer e nem cobra por isso, geralmente são as puritanas de fachada, minhas colegas, vocês não nasceram do espírito santo, isso é lá com a Maria e com o chifrudo do José (muso máximo das modas sertanejas/dor de corno), essas mulheres acham que não existe putaria, que nasceram de um repolho, sei lá, todo mundo é fruto de um esporro, todo mundo, seja num vidro ou dentro do recipiente vivo.
Quero falar pelos bêbados, que embora chatos, pelo menos são verdadeiros em suas dores ou alegrias, eles estão ali se destruindo, melhor que destruir o mundo, se bem que o mundo não vale muita coisa... Alguns bêbados podem ser irresponsáveis e destruir a família com este vício maldito, só digo uma coisa, tente não depender de um bêbado, vá trabalhar e se a coisa apertar porque o parceiro ou parceira virou um alcoólatra, e você foi irresponsável para ter filhos com este elemento, sofra as consequências, antes ficasse sozinho (a) para aprender.
Quero humanizar os criminosos, muita gente torce o nariz, “Que absurdo, um criminoso não merece atenção”, mas quase sempre a crítica é de quem já foi afetado por algum crime, é triste? Sim, é lamentável, mas assim é o mundo e ele sempre foi violento, só não ajuda transformar tudo em um círculo vicioso, e se quiser, faça justiça com as próprias mãos, não acredito em leis, mesmo assim quero que paguem, que sejam trancados e ganhem condições para virar algo que preste, nada desse depósito de desgraçados que saem mais desgraçados ainda, tem muita gente inteligente lá (inteligência não ajuda em nada e não faz de ninguém uma boa pessoa, outro mito que temos que quebrar), quero apenas humaniza-los, eles são humanos, e pior, não é o monstro que nos assusta, mas a possibilidade de todos termos monstros dentro de nós, e se estivéssemos naquela situação, e se algo tivesse acontecido e num súbito de maldade perdêssemos a cabeça e matássemos, roubássemos, qualquer patifaria criminosa? Aí você ia querer direitos, ia querer respeito, pois é, não importa se o crime foi cometido conosco, crime é crime em qualquer lugar, o criminoso pode ser qualquer um, então vamos respeitá-los, humaniza-los.
Oh mundo cruel, temos que tolerar tanta desgraça? Não... Quem estiver incomodado que se mate, “os incomodados que se mudem”, sério, o mundo tem 7 bilhões de pessoas e ninguém faz diferença, ou melhor, pode até fazer diferença, mas apenas se fugir da mediocridade, a grande maioria está ferrada mesmo, nunca será nada mesmo representando algo nesse instante, tente transcender como puder, é uma corrida para sermos algo neste mundo que nos puxa para a irrelevância. Se você for alguém, se matar também é opção, no mundo de hoje é publicidade e teu legado talvez fique; se você for ninguém, então se mate, mesmo que ficasse vivo, quando morresse naturalmente muitos se esqueceriam, superariam, e depois de mais um tempo, estes morreriam e aí ninguém se importaria mesmo. O suicídio ou a morte são libertadores em qualquer situação, não tem erro.
Mas há o desafio da vida, para encarar o desafio da vida é necessário ser um pouco puto, prestar um pouco menos, desencanar um pouco mais, aceitar que o mundo é este caos miserável, cheio de crimes, mas com deliciosas “desvirtudes”, podemos nos prostituir, afinal, se todo mundo se prostitui com suas carteiras de trabalho ou empregos públicos, porque não com o corpo que pelo menos dá prazer? Todo mundo é prostituto, seja literal ou conceitual, ninguém é santo ou sai ileso. E quem puxa saco? É prostituto e ainda acha que não vale ser admirado, leva sua vida admirando alguém que talvez nem tenha motivos para isso, na verdade acho que pouquíssimas pessoas vivas valem nossa admiração.
Gosto de admirar os mortos, isso é uma crítica moderna, falam que só damos valor quando alguém morre e que devemos valorizar os vivos, olha, pode até ser verdade, mas há um problema, pessoas vivas fazem merda, fazem muita merda e até a pessoa santinha está merdando ao ser santinha, é igual um bando de fanático que sai idolatrando qualquer repórter que critique o carnaval e depois apedreja o mesmo quando este regurgita estupidez pró-religiosidade retrógrada, os seres vivos vão nos decepcionar, é mais seguro esperar que ele morra, analisarmos a vida dele, toda obra completa, se foi capaz de deixar alguma, e aí sim, admirar se for possível, pelo menos ele não está vivo para adicionar merda ao currículo e deixá-lo com cara de idiota por ser fã de um lixo.
Essa é parte da verdade, ou a verdade não existe ou está fragmentada e é tendenciosa, pra não falar das mentiras que ao longo do tempo se tornam verdades e são até engraçadas.
Sou pelos desregulados, descontrolados, insanos, loucos e criminosos, todo tipo de semideus me enoja, gente muito certinha, que segue a cartilha correta do bom mocismo, estes são os primeiros a julgarem e são os que mais sofrem de hipocrisia ou querem ditar como uns e outros precisam se comportar, isso quando não ficam quietos e são ridículos ostentando uma humildade engraçada que nunca convence. Falam que o bom samaritano não pode gabar-se de seus feitos, mas quer saber, isso é papinho de monopólio da bondade, ora, se um bandido quiser me ajudar, se ele quiser salvar minha vida, mesmo que por interesses cruéis, se uma prostituta quiser conversar comigo e com isso eu aprender algo, estarei aberto, porque estes, interesseiros ou não, estão fazendo algo de bom que merece ser reconhecido, e neste barco, o bom samaritano vale o mesmo que o criminoso, ou seja, nada, absolutamente nada. O que vale na hora que o bem é feito é o bem, não quem fez e nem o motivo... Como eu não valho nada e você não vale nada, porque temos que valer algo se não somos produtos? Quanto é teu salário? Este é teu valor?

A vida é curta e irrelevante, só isso. Vamos rolar um pouco na lama, dizem que faz bem para a pele.

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