“Qualquer homem que, aos 40 anos, não é misantropo, nunca gosto dos homens”. - Chamfort.
Quanto mais velho ficamos mais temos motivos para não nos abrirmos com todas as pessoas, a não ser que seja de maneira pornográfica, porque aí temos é motivos para escancararmos tudo, mas voltando ao foco deste texto sem sentido, não sei como acontece com os outros, mas comigo é assim: fico chato, sem paciência, extremamente emotivo, descontrolado e de saco cheio de absolutamente tudo. Antigamente ainda tinha saco para sofrer por amor, estas coisas, ou melhor, saco para investir, porque sofrer nós sofremos mesmo sem saco para isso, mas os critérios aumentam, eu pelo menos me torno mais utópico e é difícil encontrar uma pessoa que consiga me entender, não sei como funciona o mundo, não quero generalizar, mas generalizando, a grande maioria trilha o caminho da padronização, desistem de seus sonhos e vão se moldando no “trono de um apartamento esperando a morte chegar”, mas “eu é que não me sento no trono do apartamento...”, vocês entenderam, a grande maioria senta, e senta no trono errado, e se dermos descarga elas descem e se fundem àquilo que se tornaram nos esgotos mais profundos. Então aos poucos todos vão encontrando uma religião, um Deus ou qualquer coisa que tire de seus corações tudo que lhes perturba, eu não desejo mais isso, aprendi a amar a perturbação como algo realmente lindo, poético e até sexy, a perturbação é o inquietamento pelo social, pelas políticas e pelo destino do mundo, quem escapa disso e encontra a paz em livros que nos inspiram em suas “autoajudas” ou nas espiritualidades da vida, até mesmo no excesso de Best-Sellers vagos, e falo excesso porque não ligo para tais leituras quando são para aliviar ou divertir, mas o problema é quando elas viram a única coisa que o homem pode querer escutar ou ver... Voltando, tudo isso, todas as trevas são cruéis, não é fácil lidar com elas, mas vejo beleza, e sei por experiência que não vou me curar, isso traz efeitos colaterais, pessoas nos largam ou nos evitam porque somos afiados e até pesados, queria poder transformar o mundo literário de Haroldo de Campos em um mundo sentimental, e é assim que acontece dentro de mim, cheio de sentimentos experimentais, ousados, distorcidos e realmente vale tudo, mas dentro de nós é um liquidificador torturante, tudo bem, nunca me falaram que o fim seria de paz, então não vejo fim e não tem paz.
De qualquer maneira me torno mais criterioso, mesmo assim continuo me apaixonando por pessoas burras, por verdadeiros estúpidos, meus amigos não, eu não os considero estúpidos, talvez no quesito de terem me escolhido como amigo, mas no geral são tudo gente boa; o problema é o amor, a paixão, estas baboseiras que nem sequer acredito, quando paro pra pensar em tudo que já estudei e li, então descreio mesmo de tais sentimentos, o problema é que qualquer sentimento atropela o pensar e aí fode tudo. Desculpe o linguajar, mas Rubem Fonseca está me estragando neste momento. De qualquer modo sempre fui um puto, embora puritano na prática, mas vejo mais honra em uma prostituta do que em muita garotinha mimada adepta de suas seitas e de suas discriminações otimistas, discriminações otimistas é quando você acha que só merece coisas boas, e até merece mesmo, mas quando ao achar isso você elimina os pessimistas, não o pessimismo, mas os pessimistas de seu convívio, então você é uma pessoa estúpida, intolerante e não personifica nem um milésimo do otimismo que prega; otimismo deveria trazer a obrigação de achar que há coisa boa até em coisas ruins, aprendemos com tudo, isso é otimismo, e não evitar a crise, porque como diria um Presidente Brasileiro, “Com Crise se Cresce”, tudo bem, ignoremos isso, e eu, pessimista do jeito que sou, acabo mais humanista que muito otimista, acho que os otimistas não são humanistas, são egoístas consigo mesmos, vivem com vendas, é mais fácil um pessimista ser um humanista do que um otimista cego. Como diria o crítico em crise Chamfort, “Qualquer homem que, aos 40 anos, não é misantropo, nunca gosto dos homens”.
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