domingo, 16 de fevereiro de 2014

16/02/2014 - As Limitações de Nosso Mundo Idiotizado

"Why have a civilization anymore if we no longer are interested in being civilized?" - Filme "God Bless America".


(Escrito em 2013)
O mundo, desde sempre, e não quero generalizar, somente dizer que é assim com a maioria, cabendo aqui pequenas exceções, vem ao longo dos anos mostrando incapacidade para dialogar construtivamente ou sobre algo que realmente importa. Não consigo mais fingir, mas assuntos idiotas me deixam raivoso e desiludido quanto ao futuro deste país que deixa claro o que será pelo que já é de acordo com o que pensam. Em qualquer lugar que apareço, não conheço uma criatura que saiba levar um diálogo inteligente conhecendo dados, fatos e exemplos, ou até mesmo num raciocínio próprio, os assuntos giram em volta da mesma questão: Mulheres e como são gostosas e quem pegaria quem, quais pegaram e quais vão pegar; quem vai jogar no fim de semana, quais os times que jogaram e como jogaram; não falo contra os esportes porque esporte é bom exercício físico, mas para quem pratica e não para quem assiste e faz disso pensamento diário ou razão de viver. Outros assuntos variam, mas quase sempre sobre coisas idiotas que não nos levam para lugar nenhum, ou lugares comuns enfeitados com novas palavras; quando surge um assunto mais inteligente é quase sempre cópia de frase lida na internet ou dita em algum programa pseudo-inteligente que na verdade só serviu para o telespectador comprar algum produto ou ter certa publicidade jogada em seu inconsciente. Não há mais o assunto debatido pelo intuito de construção interna para melhoria do ser humano ou para compreensão de sua existência e de um progresso em relação ao convívio uns com os outros, pelo contrário, a idiotização cria guerra de diferenças enquanto todos se padronizam, são diferenças catalogadas que acabam por tirar a independência escassa da pessoa e fazê-la mais um entre seus iguais diferentes.

Não fico contente, sinto-me incomodado; mas lá vêm eles dizendo que nem só de seriedade se vive, que temos que nos dar ao desfrute de sermos bobos e divertidos ou qualquer coisa parecida às vezes, mas pergunto quando é que levam alguma coisa a sério se fingem que isso não é constante? Nunca. É constante. E quando levam a sério, esquecem no segundo seguinte para se tornarem novamente idiotas. Alguns ainda dizem que é um momento de descontração, que estão tirando onda, mas eu pelo menos sei quando a pessoa está em um momento tirando onda, e quando aquilo é o máximo que ela consegue ser.

Há quem coloque a culpa em sua classe social desprovida, sei por experiência que isso não procede; não sou rico, nunca fui, sempre penei, combati desempregos cruéis, ou empregos que me exploravam, e sempre ultrapassei essas dificuldades indo às bibliotecas, comprando livros em promoções, assistindo documentários na Internet, conversando com pessoas (infelizmente só conheço gente que mora longe e que passa pelo mesmo) que por vezes têm o que acrescentar e me ensinar, e vejo em um balanço geral aos 30 anos, que aprendi tanto de diversas maneiras que o fator ter dinheiro, pelo menos quando o assunto é adquirir conhecimento e cultura, é apenas um detalhe.

Neste exato momento escuto a bela ópera “João e Maria” de Humperdinck, comprada em uma banca de jornal nestas coleções baratas, com um encarte que se lido dignamente ainda serve de aula completa sobre todo processo da ópera, o quê significa, qual sua história e tudo mais. Não é difícil e não é proibido tentar, sinto prazer quando este surge de algo que posso aprender e principalmente compreender, não sendo uma agressão ao bom senso; quando olho para o lado e todos defendem o direito de descerem até o chão, rebolarem e insultarem uns aos outros com melodias que agridem anos e anos de lutas pelo respeito, insultando até mesmo a liberdade que se conseguiu neste exercício extremo de liberdade impensada. É proibido ser vulgar? Não. Eu gostaria que fosse proibido? Não. Eu gostaria que diante de tanta liberdade, escolher não ser vulgar podendo ser, não fosse opção, mas tentação que mostrasse que seu desejo é maior que o levar-se pelo instinto. A vida é complexa, há este instinto animal que mostra que bicho pensa em sexo, bicho pensa em diversão, bicho não quer raciocinar, quer ser instintivo como todos os outros bichos, e dentro disso, mesmo sendo bichos, criamos algo chamado civilização inteligente e cerebral, que tem qualidades que não podemos negar e só tais qualidades nos permitem viver cada vez mais e criarmos máquinas e condições para podermos melhorar nosso ambiente; tornamo-nos civilizados em um nível nunca visto se comparado com todas as criaturas que vivem, por este motivo não podemos agir como as demais, temos que controlar o instinto para sermos cerebrais, o homem que não controla o próprio instinto, infelizmente permanece como mais um entre tantos bichos “irracionais” da natureza, abrindo também exceção para que eu o trate como bicho; isso não quer dizer que vou humilhá-lo ou violar seu direito a vida e dignidade, mas que ele não pode, em hipótese alguma, participar de decisões do mundo civilizado, como política, educação e progressos sociais. A vida é assim, só pode participar ativamente da civilização humana aquele que for humanamente civilizado. 

Há os pequenos humildes que se defendem dizendo, “Eu não penso nisso porque não entendo”, “Não consigo aprender”, “Estes assuntos não se discutem”, “Cada um tem seu ponto de vista”. Mentira, todo mundo pode aprender se tiver o mínimo de esforço, chega a ser um insulto ao bom senso e invés de ver tal pessoa com passe livre para ser idiota, vejo com infelicidade por ser, além de burra, preguiçosa e acomodada. E sobre o péssimo gosto artístico que ultimamente tem me incomodado, tendo que escutar o sempre vulgar “Gosto é igual cu, cada um tem o seu”, tenho para mim que esta frase não poderia estar mais certa, “Gosto é igual cu, cada um tem o seu, há quem limpe e quem deixe sujo”.

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