domingo, 2 de fevereiro de 2014

02/02/2014 - Contra os "Anti-Pedir as Contas" ou Contra os Acomodados Inconformados com os Descontentes

Egoísmo não é viver à nossa maneira, mas desejar que os outros vivam como nós queremos. - Oscar Wilde

Gosto muito daquela frase que diz “Os incomodados que se mudem”, mas vivemos em uma época onde estar incomodado perde vez diante da acomodação no desconforto. Tenho muitos defeitos e um deles é acreditar que devemos preservar nossa liberdade acima de tudo, absolutamente tudo, isso significa evitar muitas coisas que podem até ser bacanas. Voltando ao assunto da acomodação, quantas pessoas se sentem presas aos seus empregos? Estão infelizes, querem mudar ou simplesmente vagabundear por um período, mas a sociedade moderna é sociedade de bois, de seguidores, de discípulos, e não de homens que escrevem o próprio destino, e todos os argumentos são usados “Pense direito; você tem que pagar as contas; precisa de dinheiro para manter sua vida consumista; não é bom ter os privilégios de seu salário?”, tudo isso soa lindo e fazem acreditar que o desligamento é burrice ou irresponsabilidade, começam a enumerar todos os aspectos que contam contra o desligamento, e esquecem-se do único aspecto que importa: Tua paz.
As pessoas estão demasiadamente ocupadas em não sentir desconforto, ou pior, superar o desconforto e transformá-lo em acomodação, não pensam em nenhum momento na paz ou no simples fato de estarem em um lugar que não os levarão a qualquer canto. O problema é que ninguém tem tempo para se incomodar com intensidade, a dor foi transformada em apatia, e como é apenas a outra face da moeda da alegria, levou a verdadeira alegria com ela para os rumos da indiferença, não existe dor e nem alegria, e só existe alegria naquilo que você ama, simples assim.
Já escrevi em algum lugar que as pessoas preferem ver um ente querido infeliz a desempregado, isso parece uma visão realmente hedionda do problema; não é o descontente que se mostra vil, preguiçoso e vagabundo, mas o inconformado por alguém estar descontente que se mostra insensível com a dor alheia. Quando isso acontece a máscara de muitos ao redor caem, eles se importam mais com uma convenção social do que com a felicidade daquele que gostaria de parar um pouco e tirar o mundo das costas; não é porque você está preso e carrega responsabilidades que não precisa, sendo medroso para se desligar, que todos os outros precisam fazer o mesmo. Ninguém, absolutamente ninguém conseguirá sentir a dor alheia, e no mundo atual, cheio de cobranças morais e financeiras, querer se desligar e mudar de ares é um ato de transgressão e amor à felicidade, é respeito à vida, quando o ser humano percebe que só se vive uma vez, que não pode desperdiçar nenhum segundo naquilo que não lhe satisfaz. “Mas todo mundo larga seus sonhos para ser mais um e sobreviver, porque você também não faz isso?” Perguntariam os insensíveis. Mas a resposta é que valorizo minha vida, meu amor próprio finalmente despertou.
Ao eliminar a importância do descontentamento de alguém que já não suporta a vida que leva, estamos destruindo tanto ele como seus sonhos e individualidade, para que ele se torne mais um, para que ele suma e deixe de viver, ele apenas existirá.
Existem pessoas que vieram ao mundo para grandes coisas e estas pessoas precisam estar atentas aos seus descontentamentos, para que possam voltar ao caminho, se desligarem dos afazeres “responsáveis” e trilharem buscando suas particularidades.
Quando jogam na cara do descontente tudo que ele perderia ao se desligar de um emprego, estão querendo moldá-lo e trazê-lo de volta ao jogo da normalidade ou da apática vida social; falam que precisam trabalhar para pagar a conta da Internet, pode ser uma verdade, mas antes cancelar seu plano virtual e lutar bravamente atrás do que deseja do que continuar no mesmo lugar sofrendo apenas pra manter um gasto fútil e nunca buscar seus sonhos. Então temos as contas bancárias, todas as facilidades que um banco pode lhe proporcionar, você pensa em desistir de pedir demissão, mas pense bem, teu sonho e tua paz é mais importante, mais nobre seria cancelar tua conta, simples assim. E todos os bens materiais? É muito bom chorar e sofrer em Paris como dizem os mantras capitalistas, mas é melhor sofrer de bolso vazio ou até morrer pela miséria se isso aliviar tua consciência.
Simplesmente não suporto os argumentos preguiçosos e acomodativos da maioria dos “anti-pedir-as-contas”.

O assunto fica mais complexo quando o infeliz tem família e filhos, aqui não quero julgar, certamente eu não julgaria se o homem pedisse demissão e com isso adquirisse paz, nenhum pai descontente com o emprego, por melhores condições que dê aos filhos consegue ser um bom pai. Aos solteiros, pensem bem, quanto menos ligações e obrigações com terceiros você tiver, melhor será sua jornada em busca de teus sonhos e mais fácil será se desligar quando precisar de um pouco de paz, com isso acredito que a felicidade só pode estar no desligamento das obrigações com terceiros e no total desrespeito às opiniões dos conformados em não terem sonhos para buscar e que por isso sentam “no trono de um apartamento com a boca escancarada cheia de dentes esperando a morte chegar”.

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