quarta-feira, 12 de fevereiro de 2014

12/02/2014 - Sobre o Tedioso Mar da Superficialidade e da Preguiça Mental

Viver sem filosofar é o que se chama ter os olhos fechados sem nunca os haver tentado abrir. – René Descartes


Adoro debater apenas porque gosto da busca pela verdade ou da aproximação da verdade, mesmo que não exista verdade ou exista uma relativa, mesmo que isso de ser relativo também seja relativo e algumas coisas não sejam. Essa introdução foi grande porque existe gente que não presta atenção no texto, simplesmente procura brechas para desviar de assunto ou interromper o raciocínio, sempre, é claro, querendo mostrar sabedoria sem argumento algum. Mas compro briga, ou pior, suscito discussão, quase sempre por conta de algo que estou descobrindo ou lendo, então, vou falar com alguém... Esquecendo que nem todos estão informados, e não quero criticar os desinformados, eles podem apenas estar em outra “vibe”, preocupados com as coisas de sempre, seus cotidianos, trabalhos ou diversões, mas minhas inquietações são específicas e muitas vezes peculiares, aí fica difícil, é claro que a Internet ajuda, podemos conhecer pessoas que estão interessadas no assunto, o problema é que sou antissocial até em redes sociais, e Internet é aquela coisa, é mais uma arena para gladiadores do que um palco civilizado para debates... Procuro alguém e sempre me decepciono com o grau de informação zero que carrega contrastando com a força gigantesca para retrucar sem conhecimento. Acho até que a arena de guerra pode se estender para nossa vida, certos assuntos são vistos como tabus, ou pior, quando é questão desta contra aquela ideia, os desinformados para não ter que se informar, simplesmente reduzem o debate à “é bobeira debater isso” ou “isso no final é a mesma porcaria que aquilo”, é brochante, vou munido de informações, lembro de vários livros que li, documentários que assisti, filmes sobre o assunto, matérias, jornais, todo tipo de fonte, e lá estou, pronto com os argumentos e esperando contra-argumentos para rebater ou/e aprender, mas nunca surgem contra-argumentos, o que surge é uma desvalorização do debate ou apenas degradação dos pontos, o que cansa, realmente cansa. Isso não quer dizer que não debato mais, mas não escolherei mais qualquer um a esmo, são poucos que na era da informação querem estar informados, e são muitos os que, mesmo desinformados, tomam para si a credibilidade de um debatedor. E se eu “bater a real”, falar sobre isso com quem julgo ser péssimo debatedor, serei acusado de metido, vão até generalizar falando que “todo anarquista” é metido e arrogante, “Todo ateu” se acha superior... Só porque de uma forma ou outra eu me encaixo em certo grupo ou tenho pequena afinidade com algum. Hoje todo mundo acaba esbarrando sua personalidade em um grupo, isso é normal, mas não, para insultar quando percebem que não estamos dando atenção para suas asneiras, resolvem atacar outros só porque somos parecidos, quando na verdade deveria ser específico e corajoso para dizer que “Eu sou arrogante e metido”, deixando implícito que ele “foi descartado por não trazer credibilidade ao debate”.

Quero fazer ode ao se informar. Tem gente que diz que é bobeira, que o assunto não interessa, e aí já era, vai bagunçar o tabuleiro, arrulhar vitória e sair batendo asas. Sou da turma que não acha nenhum debate inútil, nada improdutivo, apenas porque tento me informar sobre isso, e não podemos ignorar as informações que trazemos, muitas vezes ao defender uma coisa, percebo que conheço argumentos bem melhor do que aqueles usados pelo oponente para me desafiar, ou seja, eu seria meu melhor desafiador diante da desinformação do outro.

Faz parte da informação não buscar um lado, mas buscar todos os lados, quando vamos debater é interessante colocar a questão já com todas as cartas na mesa, temos essa e essa informação, em qual resultado podemos chegar? É disso que falo.

Estou ficando cansado dessa palhaçada, sou demasiado inquieto com todas as questões que rodeiam o mundo. Pode ser tudo em vão? Ótimo, então isso também é um debate, precisamos de informações filosóficas para debater isso, mas não, os preguiçosos da existência tão pouco estariam dispostos a ler uma página que fosse sobre metafísica. Quero saber sobre como tudo funciona, como o ser humano funciona e acho que aprender é nosso bem mais precioso e mais precioso até que bens materiais, simplesmente porque o que você aprende fica contigo, todo resto pode ser roubado ou perdido, ou esquecido e apodrecido, não veremos um ladrão apontando uma arma para tua cabeça e exigindo que você passe sua informação, e mesmo que seja um agente, um espião, mesmo ao passar a informação, você continua com ela.

Não sei se me fiz entender, só debato com quem estiver informado, e não estou falando de muita informação, não estou falando de apenas ler o título do texto, filme, documentário ou ler uma resenha, falo de ter conferido a informação na íntegra, de ter feito comparações se possível, isso é se informar, não navegar no mar da superficialidade. Isso não significa que sou o cara mais informado do mundo, sou um verdadeiro estúpido para certas coisas, mas tenho força de vontade e quero poder conversar com todo mundo, tenho para mim, como obrigação, que, quando um assunto surgir, vou simplesmente pesquisar sobre isso, mesmo que perca o sono e fique entediado, mas o saber não me entendia, a humanidade sim, ou melhor, a particularidade da humanidade.

Vi em algum lugar que a informação tem um aspecto geral e um particular, quando você pode olhar o todo e se guiar em uma direção, mas o importante seria ver o particular, ou melhor, os vários particulares e ir subindo até ter a visão do todo já que compreende suas particularidades que podem conter exceções, a maioria das pessoas olha de cima para o todo e dá um veredito superficial. Quero adentrar nas particularidades, singularidades, detalhes e realmente saber... Então, depois de ter sido desinformado, que é sim uma vergonha, tento saber usando este método do aprendizado e finalmente voltar ao debate para dar o meu parecer, mesmo que seja tarde, pelo menos eu saberei, o que já é algo. Nunca me arrependi de nenhuma informação aprendida, mesmo que eu não use, está comigo, eu sei, e isso quer dizer muito, mesmo que me chamem de arrogante. Estou adaptando esta parte do singular para o geral de acordo com ideias bacanas de “Reorganizar a Sociedade” de Comte, mas indicaria também “Discurso do Método” de Descartes (que ensina a como saber), e seria bem interessante “Leviatã” de Thomas Hobbes (que fala coisas sobre a natureza humana e passeia rapidamente por uma metodologia do saber, ou uma explicação).

Estou neste nível de já ter pesquisado até sobre como pesquisar, de saber até como saber, mas é porque dou grande valor ao conhecimento, não estamos falando de inteligência, já falei em outro momento que é complicadíssimo, mas apenas de poder debater, ter credibilidade para falar, da vontade de aprender, e não do rebaixar os momentos de tensão craniana para continuar vivendo no conforto da preguiça mental. Não debato mais com preguiçosos e desinformados.

Nenhum comentário:

Postar um comentário