quarta-feira, 26 de fevereiro de 2014

26/02/2014 - Sobre Neurônios, Kriptonitas e Preguiças

Podem me chamar de ranzinza, é resultado de idade e trajetória. Não tenho um tema para descarregar, embora muitos temas estejam guardados em um caderno para dias sem ideias, tudo bem que hoje é um dia sem ideia, mas não é especialmente um dia sem ideia, mas dia sem ânimo para grandes exercícios mentais. Exercícios mentais são as coisas mais complexas do mundo, entender o funcionamento do cérebro principalmente, imagine ser o resultado de uma grande progressão cerebral. Somos divididos em três etapas: Criaturas vivas que existem; que sabem que existem; que sabem que há um cérebro para sabermos que existimos. Será que algumas pessoas ainda estão no segundo estágio? Sei que tudo isso deixam as coisas mais estranhas, imagine como é difícil ter um cérebro complexo, para imaginar isso é necessário estar no terceiro grupo, agora imagine ser o resultado de uma complexidade que resulta em uma pessoa que procura pela complexidade, que não está presa aos ideais, que quebra preconceitos, que percebe um mundo cheio de “tons de cinza”, não há branco ou negro, o que há são oscilações, exatamente como funciona o processo de consciência, isso que chamamos de “Eu”, ao mesmo tempo não há um Eu metafísico, pior, a consciência não está presa em nenhum lugar especifico, é resultado de exercícios neurais espalhados por aqui e ali, isso não resulta em alguém normal, pior ainda é tentar entender tudo isso, aí é anormalidade na veia. Aceito minha condição.


Minha cabeça está cheia de ideias, mas meu corpo, e há inteligência no corpo, pois é, o corpo é inteligente sem a necessidade de uma mente para isso (complexo), meu corpo está com preguiça. Preguiça para procurar tema no caderno de temas, preguiça para falar de um assunto que incomoda e me abateu no dia de hoje, só consigo sentar e digitar sem propósito, chuva de palavras sem sentido ou com sentido, o sentido veio independente de minha vontade, paro porque não quero gastar poucas linhas falando sobre um assunto que preferiria usar um texto inteiro, este texto não é sobre algo.

Se as pessoas percebessem como a linguagem e nossa escrita contribuiu para fazer do homem aquilo que ele é, sem isso não existiria nem consciência, melhor, existiria, mas não existiria o saber que a consciência existe... Ou talvez não existisse, sei lá, existiria, não existiria, tudo é assim, ou existiria ou não, ou existe ou não, ponto. Seria o “existiria” um futuro do passado imperfeito?!?

A kriptonita nossa de cada dia nos dai hoje. Escuto alguém que estava morta (feminina) e enterrada em meu inconsciente alerta, tudo volta, uma merda, fico abatido, não tenho ânimo para escrever as grandes teorias que planejei, uma única pessoa desestabiliza, ninguém compreende, acham que é frescura, talvez seja, é minha cabeça dura, apesar de toda inteligência sou cabeça dura, burro, talvez nem tenha passado em um concurso público, para espanto de muitos que teimam em me chamar de inteligente, talvez seja, talvez não, não importa. O que importa é minha kriptonita passar nesta mesma prova para mudar de lugar, sumir, ir embora, para outro planeta, então o espaço volta a não estar poluído, terei liberdade de ir e vir, perdi minha sala, meu armário, meu espaço, não piso mais em certas áreas, evito momentos e lugares, sei que isso vai acabar e que logo ela ou eu passaremos em um concurso público e não nos veremos. Sempre cortei contato com desafetos, sou o tipo de cara tranquilo que é tranquilo exatamente porque elimina pessoas de sua vida; emprego público é prisão, ninguém é demitido, ninguém sai, tamanha devoção que temos por estabilidade. Fico na espera, enquanto na espera, estou em stand-by. Ninguém compreende, acham graça, frescura de minha parte, talvez seja, talvez seja frescura.

Sou ranzinza, um cara pornográfico, não vejo sentido para tanto puritanismo. A vida acaba e a gente morre. Apenas isso, ondas cerebrais param, nosso eu que está inteiramente ligado aos processos cerebrais logicamente desaparece quando os mesmos processos param. No final é tudo perda de tempo, até evitar minha kriptonita, fazer o que? É a vida, não está fácil para ninguém. Lá vem o carnaval.

Não estou lendo poesia, literatura, filosofia, metafisica ou religião, leio um livro sobre como funciona o cérebro, neste momento meus neurônios estão me pregando pegadinhas, fazendo-me achar que existe dor, ódio, rancor e tristeza, fazendo-me crer nisso, outros processos transformam imagens em sentimentos, sentimentos que são exercícios sobrecarregados de alguns neurônios, então sinto tudo isso, e além de achar que estou triste e consequentemente ficar, também fico com ódio porque sou fraco por não transformar meu conhecimento sobre isso em uma imunidade contra isso. Cérebro filho da puta.

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